Irmãos e irmãs:
Hoje dizemos: aqui estamos. Somos a dignidade rebelde, o coração esquecido da Pátria!
A flor da palavra não morrerá. Poderá morrer o rosto oculto de quem hoje a nomeia, mas a palavra que veio desde o fundo da história e da terra já não poderá ser
arrancada pela soberba do poder.
Nós nascemos da noite. Nela vivemos. Nela morreremos. Porém, a luz será manhã para os demais, para todos aqueles que hoje choram a noite, para quem o dia é negado,
para quem a morte é uma dádiva, para a dor e a angústia. Para nós, a alegre rebeldia. Para nós o futuro negado, a dignidade insurrecta. Para nós, nada.
Nossa luta é para fazer-nos escutar, e o mau governo grita soberba e tapa com canhões os seus ouvidos.
Nossa luta é contra a fome, e o mau governo oferece balas e papel aos estômagos de nossos filhos.
Nossa luta é por uma moradia digna, e o mau governo destrói nossa casa e nossa história.
Nossa luta é pelo saber, e o mau governo reparte ignorância e desprezo.
Nossa luta é por terra, e o mau governo oferece cemitérios.
Nossa luta é por trabalho justo e digno, e o mau governo compra e vende corpos e vergonha.
Nossa luta é pela vida, e o mau governo oferece a morte como futuro.
Nossa luta é pelo respeito ao nosso direito de governar e nos governarmos, e o mau governo impõe à maioria a lei da minoria.
Nossa luta é por liberdade para o pensamento e o caminhar, e o mau governo impõe cárceres e túmulos.
Nossa luta é por justiça, e o mau governo está cheio de criminosos e assassinos.
Nossa luta é pela história, e o mau governo propõe o esquecimento.
Nossa luta é pela Pátria, e o mau governo sonha com a bandeira e a língua estrangeiras.
Nossa luta é pela paz, e o mau governo anuncia guerra e destruição.
Moradia, terra, trabalho, pão, saúde, educação, independência, democracia, liberdade, justiça e paz. Estas foram nossas bandeiras na madrugada de 1994.
Estas foram as nossas demandas na longa noite dos 500 anos. Estas são hoje nossas exigências.
Nosso sangue e nossas palavras acenderam um pequeno fogo na montanha e o levamos rumo à casa do poder e do dinheiro. Irmãos e irmãs de outras raças e
outras línguas, de outra cor e mesmo coração, protegeram a nossa luz e dela acenderam seus respectivos fogos.
O poderoso veio para nos apagar com o seu sopro poderoso, mas nossa luz cresceu em outras luzes. O rico sonha em apagar a primeira luz. É inútil,
já existem muitas luzes e todas são primeiras.
O soberbo quer apagar uma rebeldia que sua ignorância situa no amanhecer de 1994. Porém, a rebeldia que hoje tem rosto moreno e língua verdadeira
não nasceu agora. Antes falou com outras línguas e em outras terras. A rebeldia contra a injustiça caminhou em muitas montanhas e muitas histórias.
Ela já falou em língua náhuatl, paipai, kiliwa, cúcapa, cochimi, kumiai, yuma, seri, chontal, chimanteco, pame, chichimeca, otomí, mazahua, matlazinca,
ocuilteco, zapoteco, solteco, chatino, papabuco, mixteco, cuicateco, triqui, amuzgo, mazateco, chocho, izcateco, huave, tlapaneco, totonaca, tepehua,
popoluca, mixe, zoque, huasteco, lacandón, maya, chol, tzeltal, tzotzil, tojolabal, mame, teco, ixil, aguacateco, motocintleco, chicomucelteco, kanjobal,
jacalteco, quiché, cakchiquel, ketchi, pima, tepehuán, tarahumara, mayo, yaqui, cahíta, ópata, cora, huichol, purépecha e kikapú. Falou e fala o espanhol.
A rebeldia não é coisa de língua, é coisa de dignidade e de seres humanos.
Por trabalhar nos matam, por viver nos matam. Não há lugar para nós no mundo do poder. Por lutar nos matarão, mas nós construiremos um mundo onde tenha
lugar para todos e todos possam viver sem morte na palavra. Querem nos tirar a terra, para que o nosso passo não possa andar. Querem nos tirar a história,
para que a nossa palavra morra no esquecimento. Não nos querem índios. Nos querem mortos.
Para os poderosos, o nosso silêncio era uma benção. Calando morríamos, sem palavra não existíamos. Lutamos para falar contra o esquecimento, contra a morte,
pela memória e pela vida. Lutamos pelo medo de morrer a morte do esquecimento.
Falando em seu coração índio, a Pátria continua digna e com memória.
Hoje dizemos: aqui estamos. Somos a dignidade rebelde, o coração esquecido da Pátria!
A flor da palavra não morrerá. Poderá morrer o rosto oculto de quem hoje a nomeia, mas a palavra que veio desde o fundo da história e da terra já não poderá ser
arrancada pela soberba do poder.
Nós nascemos da noite. Nela vivemos. Nela morreremos. Porém, a luz será manhã para os demais, para todos aqueles que hoje choram a noite, para quem o dia é negado,
para quem a morte é uma dádiva, para a dor e a angústia. Para nós, a alegre rebeldia. Para nós o futuro negado, a dignidade insurrecta. Para nós, nada.
Nossa luta é para fazer-nos escutar, e o mau governo grita soberba e tapa com canhões os seus ouvidos.
Nossa luta é contra a fome, e o mau governo oferece balas e papel aos estômagos de nossos filhos.
Nossa luta é por uma moradia digna, e o mau governo destrói nossa casa e nossa história.
Nossa luta é pelo saber, e o mau governo reparte ignorância e desprezo.
Nossa luta é por terra, e o mau governo oferece cemitérios.
Nossa luta é por trabalho justo e digno, e o mau governo compra e vende corpos e vergonha.
Nossa luta é pela vida, e o mau governo oferece a morte como futuro.
Nossa luta é pelo respeito ao nosso direito de governar e nos governarmos, e o mau governo impõe à maioria a lei da minoria.
Nossa luta é por liberdade para o pensamento e o caminhar, e o mau governo impõe cárceres e túmulos.
Nossa luta é por justiça, e o mau governo está cheio de criminosos e assassinos.
Nossa luta é pela história, e o mau governo propõe o esquecimento.
Nossa luta é pela Pátria, e o mau governo sonha com a bandeira e a língua estrangeiras.
Nossa luta é pela paz, e o mau governo anuncia guerra e destruição.
Moradia, terra, trabalho, pão, saúde, educação, independência, democracia, liberdade, justiça e paz. Estas foram nossas bandeiras na madrugada de 1994.
Estas foram as nossas demandas na longa noite dos 500 anos. Estas são hoje nossas exigências.
Nosso sangue e nossas palavras acenderam um pequeno fogo na montanha e o levamos rumo à casa do poder e do dinheiro. Irmãos e irmãs de outras raças e
outras línguas, de outra cor e mesmo coração, protegeram a nossa luz e dela acenderam seus respectivos fogos.
O poderoso veio para nos apagar com o seu sopro poderoso, mas nossa luz cresceu em outras luzes. O rico sonha em apagar a primeira luz. É inútil,
já existem muitas luzes e todas são primeiras.
O soberbo quer apagar uma rebeldia que sua ignorância situa no amanhecer de 1994. Porém, a rebeldia que hoje tem rosto moreno e língua verdadeira
não nasceu agora. Antes falou com outras línguas e em outras terras. A rebeldia contra a injustiça caminhou em muitas montanhas e muitas histórias.
Ela já falou em língua náhuatl, paipai, kiliwa, cúcapa, cochimi, kumiai, yuma, seri, chontal, chimanteco, pame, chichimeca, otomí, mazahua, matlazinca,
ocuilteco, zapoteco, solteco, chatino, papabuco, mixteco, cuicateco, triqui, amuzgo, mazateco, chocho, izcateco, huave, tlapaneco, totonaca, tepehua,
popoluca, mixe, zoque, huasteco, lacandón, maya, chol, tzeltal, tzotzil, tojolabal, mame, teco, ixil, aguacateco, motocintleco, chicomucelteco, kanjobal,
jacalteco, quiché, cakchiquel, ketchi, pima, tepehuán, tarahumara, mayo, yaqui, cahíta, ópata, cora, huichol, purépecha e kikapú. Falou e fala o espanhol.
A rebeldia não é coisa de língua, é coisa de dignidade e de seres humanos.
Por trabalhar nos matam, por viver nos matam. Não há lugar para nós no mundo do poder. Por lutar nos matarão, mas nós construiremos um mundo onde tenha
lugar para todos e todos possam viver sem morte na palavra. Querem nos tirar a terra, para que o nosso passo não possa andar. Querem nos tirar a história,
para que a nossa palavra morra no esquecimento. Não nos querem índios. Nos querem mortos.
Para os poderosos, o nosso silêncio era uma benção. Calando morríamos, sem palavra não existíamos. Lutamos para falar contra o esquecimento, contra a morte,
pela memória e pela vida. Lutamos pelo medo de morrer a morte do esquecimento.
Falando em seu coração índio, a Pátria continua digna e com memória.
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